Apesar de o nível de água do Sistema Cantareira estar pior que o do período anterior à crise hídrica de 2014, a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) nega a possibilidade de racionamento de água e de uma nova crise hídrica.
A Cantareira é o maior reservatório de água da Região Metropolitana de São Paulo e abastece cerca de 7,5 milhões de pessoas por dia.
Em 2013, período pré-crise, o sistema Cantareira operava com uma média 44,11% de sua capacidade. Nesta quarta-feira (1º), o sistema operava com 39,6% de sua capacidade, o que já preocupa especialistas.
Desde o último domingo (29), o reservatório está em estado de alerta, quando a capacidade fica abaixo de 40% e a vazão precisa ser reduzida de 31 mil litros de água por segundo para 27 mil litros por segundo.
Se as chuvas não forem suficientes a partir de setembro, acredita-se na possibilidade de uma nova crise hídrica no ano que vem. Em maio de 2014, o volume do Sistema Cantareira atingiu 29,6% de sua capacidade e a Companhia passou a operar bombeando água de seu volume morto.
Sabesp diz que atual produção de água é ‘suficiente’
A Sabesp, porém, diz estar preparada para qualquer cenário. “Todas as condições criadas para maior segurança hídrica como obras, combate a perdas, consumo menor pela população e uma gestão eficaz dos sistemas permitem que a produção de água atual seja suficiente para atender a demanda de quase 20 milhões de pessoas na região metropolitana de São Paulo.”
A empresa informa que realizou 36 grandes obras, além de 1000 intervenções de pequeno e médio portes nos últimos anos, que garantem o abastecimento.
Para o professor da USP Pedro Luiz Côrtes, essas obras dão um alento e reduzem um pouco o impacto de uma situação climática desfavorável, mas tudo depende do clima.
“A gente não pode negociar com as chuvas, por isso acho necessário reforçar para a população a real situação dos mananciais e os bons hábitos de consumo de água para reduzir o impacto de uma eventual crise. Com a Sabesp e o governo negando a gravidade da situação, há quem relaxe e acabe gastando mais”, diz o professor da USP Pedro Luiz Côrtes.
Chuva ainda insuficiente para melhorar níveis
A chuva que vem atingindo a capital desde segunda-feira (30), depois de 46 dias de estiagem, ainda não é suficiente para aumentar o nível dos reservatórios. A quantidade de chuva de julho correspondeu somente a 37% do esperado para o mês, de acordo com o Centro de Gerenciamento de Emergências (CGE).
Em 2012, São Paulo passou por uma seca ainda maior, com 65 dias de estiagem. Em 2011, foram 42 dias de seca, segundo o Instituto Nacional de Metereologia (Inmet).
Segundo o engenheiro e professor José Roberto Kachel dos Santos, as condições hídricas do momento são similares às da crise hídrica de 2013 e 2014 em relação aos volumes acumulados nos reservatórios, mas tudo depende da chuva.
“Só se pode prever a possibilidade de racionamento após o período de chuvas que se inicia em outubro e vai até abril do próximo ano”, diz o professor.